segunda-feira, 21 de abril de 2008
Eu recomendo: Filme - "O Grande Truque"
No século 19, em Londres, Rupert Angier (Hugh Jackman) e Alfred Borden (Christian Bale) são dois mágicos cuja amizade vira rivalidade quando disputam alguns segredos relacionados à magia. A rivalidade torna-se tão intensa que eles acabam tomando atitudes drásticas, que marcam suas vidas para sempre.
sábado, 19 de abril de 2008
DIGA NÃO A QUALQUER TIPO DE FANATISMO! Por Aline Rocha
(Continuação de Seja livre!)
"E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus." Romanos 12:2
O fanático possui dois traços essenciais: a absorção da individualidade na ideologia coletiva e o desprezo pela individualidade alheia. Sendo que a "Individualidade" é a combinação singular de fatores que faz de cada ser humano um exemplar único e insubstituível.
É bem verdade que o fanático não precisa ser irritadiço, nervoso ou hidrófobo. Apenas, ele está tão afinado com a ideologia coletiva que ela basta como canal para a expressão de seus sentimentos, vivências e aspirações, sem nada sobrar daquele hiato, daquele abismo que o homem diferenciado vê abrir-se, com freqüência, entre seu mundo interior e o universo em torno. Ele pensa e sente com o grupo que se identifica, ama e odeia com o grupo, quer com o grupo e age com o grupo. Tudo o que no seu ser escape dessa bitola não é importante ou doente.
A filiação ao grupo já não é a simples aprovação crítica e condicional que a personalidade autônoma dá a certas idéias: tornou-se o fator estruturante e a essência vivificadora da personalidade mesma, que sem ela tombaria como um saco vazio. A função nomeante e definidora, antes reservada às famílias, às profissões e às regiões, cabe agora ao grupo.
O fanático, nesse sentido, é desprovido daquela solidão, daquela profundidade, daquela tridimensionalidade próprias dos que "estão no mundo, mas não são do mundo". Ele, ao contrário, pode "não estar" no mundo, mas, com toda a intensidade do seu ser, "é" do mundo.
Enfim, diga NÃO a qualquer tipo de fanatismo: religioso, político, esportivo etc - não importa e...
...SEJA LIVRE!
"E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus." Romanos 12:2
O fanático possui dois traços essenciais: a absorção da individualidade na ideologia coletiva e o desprezo pela individualidade alheia. Sendo que a "Individualidade" é a combinação singular de fatores que faz de cada ser humano um exemplar único e insubstituível.
É bem verdade que o fanático não precisa ser irritadiço, nervoso ou hidrófobo. Apenas, ele está tão afinado com a ideologia coletiva que ela basta como canal para a expressão de seus sentimentos, vivências e aspirações, sem nada sobrar daquele hiato, daquele abismo que o homem diferenciado vê abrir-se, com freqüência, entre seu mundo interior e o universo em torno. Ele pensa e sente com o grupo que se identifica, ama e odeia com o grupo, quer com o grupo e age com o grupo. Tudo o que no seu ser escape dessa bitola não é importante ou doente.
A filiação ao grupo já não é a simples aprovação crítica e condicional que a personalidade autônoma dá a certas idéias: tornou-se o fator estruturante e a essência vivificadora da personalidade mesma, que sem ela tombaria como um saco vazio. A função nomeante e definidora, antes reservada às famílias, às profissões e às regiões, cabe agora ao grupo.
O fanático, nesse sentido, é desprovido daquela solidão, daquela profundidade, daquela tridimensionalidade próprias dos que "estão no mundo, mas não são do mundo". Ele, ao contrário, pode "não estar" no mundo, mas, com toda a intensidade do seu ser, "é" do mundo.
Enfim, diga NÃO a qualquer tipo de fanatismo: religioso, político, esportivo etc - não importa e...
...SEJA LIVRE!
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Eu recomendo: Leia "Sexta-Feira ou Os Limbos do Pacífico" de Michel Tournier!
As ilusões de épocas remotas trazem no inconsciente as ações e reações de um mundo sonhado, refletido e que sofreu de alguma forma a transformação ou a acomodação no cotidiano. Michel Tournier em seu livro “Sexta-Feira ou Os Limbos do Pacífico” restitui para a vida o herói que encarna o drama do indivíduo solitário e da civilização. A trama vivida por Robison Crusoé acontece numa ilha do pacífico, no século XVIII, após o naufrágio de seu barco - quando, na busca da fuga da loucura, ele inicia a construção de um lar, de regras para sobrevivência, prevendo inclusive que outros habitantes estariam no seu convívio.
Eu recomendo: Leia "A Peste" de Albert Camus!
A Peste (La Peste) é considerada a Magnum Opus de Albert Camus, a obra publicado em 1947, conta a história de trabalhadores que descobrem a solidariedade em meio a uma peste que assola a cidade de Oran na Argelia. Questiona diversos assuntos relacionados a natureza do destino e da condição humana. Os personagens do livro ajudam a mostrar os efeitos que o flagelo causa na sociedade.
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Canta al Señor
canta al señor
toda la creación
honra y poder
majestad sea al rey
montes caerón
y el mar rugirá
al sonar de tu nombre
canto com gozo
al mirar tu poder
por siempre yo
te amaré y deiré
incomparables promesas
me das señor
mi señor mi rey
nadie es como tú
toda mí vida
quiero exaltar
las maravillas
de tu amorconsuelo refugio
torre de fuerza y poder
todo mí ser
lo que yo soy
nunca cese de adorar
(se repite el coro)
incomparables promesas
me das señor
incomparables promesas
me das señor
toda la creación
honra y poder
majestad sea al rey
montes caerón
y el mar rugirá
al sonar de tu nombre
canto com gozo
al mirar tu poder
por siempre yo
te amaré y deiré
incomparables promesas
me das señor
mi señor mi rey
nadie es como tú
toda mí vida
quiero exaltar
las maravillas
de tu amorconsuelo refugio
torre de fuerza y poder
todo mí ser
lo que yo soy
nunca cese de adorar
(se repite el coro)
incomparables promesas
me das señor
incomparables promesas
me das señor
Seja Livre! por Aline Rocha
"(...) Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, eu deste mundo não sou. Por isso, eu vos disse que morrereis nos vossos pecados; porque, se não crerdes que EU SOU, morrereis nos vossos pecados.
Então, lhe perguntaram: Quem és tu? Respondeu-lhes Jesus: Que é que desde o princípio vos tenho dito? Muitas coisas tenho para dizer a vosso respeito e vos julgar; porém aquele que me enviou é verdadeiro, de modo que as coisas que dele tenho ouvido, essas digo ao mundo.
Eles, porém, não atinaram que lhes falava do Pai.
Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do Homem, então, sabereis que EU SOU e que nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou. E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada.
Ditas estas coisas, muitos creram nele.
Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará."
Se você leu essa passagem da palavra de Deus que está em João 8:23-29 e refletiu sobre o texto, siga o exemplo desses judeus, creia que Jesus É e sempre SERÁ o único capaz de te salvar. Seja humilde, aceite que sem Jesus você não é ninguém, dispa-se do seu orgulho, arrependa-se dos seus pecados e enfim...
...seja livre!
Deus te abençoe.
Então, lhe perguntaram: Quem és tu? Respondeu-lhes Jesus: Que é que desde o princípio vos tenho dito? Muitas coisas tenho para dizer a vosso respeito e vos julgar; porém aquele que me enviou é verdadeiro, de modo que as coisas que dele tenho ouvido, essas digo ao mundo.
Eles, porém, não atinaram que lhes falava do Pai.
Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do Homem, então, sabereis que EU SOU e que nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou. E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada.
Ditas estas coisas, muitos creram nele.
Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará."
Se você leu essa passagem da palavra de Deus que está em João 8:23-29 e refletiu sobre o texto, siga o exemplo desses judeus, creia que Jesus É e sempre SERÁ o único capaz de te salvar. Seja humilde, aceite que sem Jesus você não é ninguém, dispa-se do seu orgulho, arrependa-se dos seus pecados e enfim...
...seja livre!
Deus te abençoe.
Salmos 23:1-6
מזמור לדוד יהוה רעי לא אחסר
בנאות דשׂא ירביצני על מי מנחות ינהלני
נפשׂי ישׂובב ינחני במעגלי צדק למען שׂמו
גם כי אלך בגיא צלמות לא אירא רע כי אתה עמדי שׂבטך ומשׂענתך המה ינחמני
תערך לפני שׂלחן נגד צררי דשׂנת בשׂמן ראשׂי כוסי רויה
אך טוב וחסד ירדפוני כל ימי חיי ושׂבתי בבית יהוה לארך ימים
בנאות דשׂא ירביצני על מי מנחות ינהלני
נפשׂי ישׂובב ינחני במעגלי צדק למען שׂמו
גם כי אלך בגיא צלמות לא אירא רע כי אתה עמדי שׂבטך ומשׂענתך המה ינחמני
תערך לפני שׂלחן נגד צררי דשׂנת בשׂמן ראשׂי כוסי רויה
אך טוב וחסד ירדפוני כל ימי חיי ושׂבתי בבית יהוה לארך ימים
terça-feira, 1 de abril de 2008
O Mito da Caverna
Platão, República, Livro VII, 514a-517c
Depois disto – prossegui eu – imagina a nossa natureza, relativamente à educação ou à sua falta, de acordo com a seguinte experiência. Suponhamos uns homens numa habitação subterrânea em forma de caverna, com uma entrada aberta para a luz, que se estende a todo o comprimento dessa gruta. Estão lá dentro desde a infância, algemados de pernas e pescoços, de tal maneira que só lhes é dado permanecer no mesmo lugar e olhar em frente; são incapazes de voltar a cabeça, por causa dos grilhões; serve-lhes de iluminação um fogo que se queima ao longe, numa eminência, por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros há um caminho ascendente, ao longo do qual se construiu um pequeno muro, no género dos tapumes que os homens dos "robertos" colocam diante do público, para mostrarem as suas habilidades por cima deles. – Estou a ver – disse ele.
– Visiona também ao longo deste muro, homens que transportam toda a espécie de objectos, que o ultrapassam: estatuetas de homens e de animais, de pedra e de madeira, de toda a espécie de lavor; como é natural, dos que os transportam, uns falam, outros seguem calados.
– Estranho quadro e estranhos prisioneiros são esses de que tu falas – observou ele.
– Semelhantes a nós – continuei -. Em primeiro lugar, pensas que, nestas condições, eles tenham visto, de si mesmo e dos outros, algo mais que as sombras projectadas pelo fogo na parede oposta da caverna?
– Como não – respondeu ele –, se são forçados a manter a cabeça imóvel toda a vida?
– E os objectos transportados? Não se passa o mesmo com eles ?
– Sem dúvida.
– Então, se eles fossem capazes de conversar uns com os outros, não te parece que eles julgariam estar a nomear objectos reais, quando designavam o que viam?
– É forçoso.
– E se a prisão tivesse também um eco na parede do fundo? Quando algum dos transeuntes falasse, não te parece que eles não julgariam outra coisa, senão que era a voz da sombra que passava?
– Por Zeus, que sim!
– De qualquer modo – afirmei – pessoas nessas condições não pensavam que a realidade fosse senão a sombra dos objectos.
– É absolutamente forçoso – disse ele.
– Considera pois – continuei – o que aconteceria se eles fossem soltos das cadeias e curados da sua ignorância, a ver se, regressados à sua natureza, as coisas se passavam deste modo. Logo que alguém soltasse um deles, e o forçasse a endireitar-se de repente, a voltar o pescoço, a andar e a olhar para a luz, ao fazer tudo isso, sentiria dor, e o deslumbramento impedi-lo-ia de fixar os objectos cujas sombras via outrora. Que julgas tu que ele diria, se alguém lhe afirmasse que até então ele só vira coisas vãs, ao passo que agora estava mais perto da realidade e via de verdade, voltado para objectos mais reais? E se ainda, mostrando-lhe cada um desses objectos que passavam, o forçassem com perguntas a dizer o que era? Não te parece que ele se veria em dificuldades e suporia que os objectos vistos outrora eram mais reais do que os que agora lhe mostravam?
– Muito mais – afirmou.
– Portanto, se alguém o forçasse a olhar para a própria luz, doer-lhe-iam os olhos e voltar-se-ia, para buscar refúgio junto dos objectos para os quais podia olhar, e julgaria ainda que estes eram na verdade mais nítidos do que os que lhe mostravam?
– Seria assim – disse ele.
– E se o arrancassem dali à força e o fizessem subir o caminho rude e íngreme, e não o deixassem fugir antes de o arrastarem até à luz do Sol, não seria natural que ele se doesse e agastasse, por ser assim arrastado, e, depois de chegar à luz, com os olhos deslumbrados, nem sequer pudesse ver nada daquilo que agora dizemos serem os verdadeiros objectos?
– Não poderia, de facto, pelo menos de repente.
– Precisava de se habituar, julgo eu, se quisesse ver o mundo superior. Em primeiro lugar, olharia mais facilmente para as sombras, depois disso, para as imagens dos homens e dos outros objectos, reflectidas na água, e, por último, para os próprios objectos. A partir de então, seria capaz de contemplar o que há no céu, e o próprio céu, durante a noite, olhando para a luz das estrelas e da Lua, mais facilmente do que se fosse o Sol e o seu brilho de dia.
– Pois não!
– Finalmente, julgo eu, seria capaz de olhar para o Sol e de o contemplar, não já a sua imagem na água ou em qualquer sítio, mas a ele mesmo, no seu lugar.
– Necessariamente.
– Depois já compreenderia, acerca do Sol, que é ele que causa as estações e os anos e que tudo dirige no mundo visível, e que é o responsável por tudo aquilo de que eles viam um arremedo.
– É evidente que depois chegaria a essas conclusões.
– E então? Quando ele se lembrasse da sua primitiva habitação, e do saber que lá possuía, dos seus companheiros de prisão desse tempo, não crês que ele se regozijaria com a mudança e deploraria os outros?
– Com certeza.
– E as honras e elogios, se alguns tinham então entre si, ou prémios para o que distinguisse com mais agudeza os objectos que passavam e se lembrasse melhor quais os que costumavam passar em primeiro lugar e quais em último, ou os que seguiam juntos, e àquele que dentre eles fosse mais hábil em predizer o que ia acontecer – parece-te que ele teria saudades ou inveja das honrarias e poder que havia entre eles, ou que experimentaria os mesmos sentimentos que em Homero, e seria seu intenso desejo "servir junto de um homem pobre, como servo da gleba", e antes sofrer tudo do que regressar àquelas ilusões e viver daquele modo?
– Suponho que seria assim – respondeu – que ele sofreria tudo, de preferência a viver daquela maneira.
– Imagina ainda o seguinte – prossegui eu -. Se um homem nessas condições descesse de novo para o seu antigo posto, não teria os olhos cheios de trevas, ao regressar subitamente da luz do Sol?
– Com certeza.
– E se lhe fosse necessário julgar daquelas sombras em competição com os que tinham estado sempre prisioneiros, no período em que ainda estava ofuscado, antes de adaptar a vista – e o tempo de se habituar não seria pouco – acaso não causaria o riso, e não diriam dele que, por ter subido ao mundo superior, estragara a vista, e que não valia a pena tentar a ascensão ? E a quem tentasse soltá-los e conduzi-los até cima, se pudessem agarrá-lo e matá-lo, não o matariam ?
– Matariam, sem dúvida – confirmou ele.
– Meu caro Gláucon, este quadro – prossegui eu – deve agora aplicar-se a tudo quanto dissemos anteriormente, comparando o mundo visível através dos olhos à caverna da prisão, e a luz da fogueira que lá existia à força do Sol. Quanto à subida ao mundo superior e à visão do que lá se encontra, se a tomares como a ascensão da alma ao mundo inteligível, não iludirás a minha expectativa, já que é teu desejo conhecê-la. O Deus sabe se ela é verdadeira. Pois, segundo entendo, no limite do cognoscível é que se avista, a custo, a ideia do Bem; e, uma vez avistada, compreende-se que ela é para todos a causa de quanto há de justo e belo; que, no mundo visível, foi ela que criou a luz, da qual é senhora; e que, no mundo inteligível, é ela a senhora da verdade e da inteligência, e que é preciso vê-la para se ser sensato na vida particular e pública
Depois disto – prossegui eu – imagina a nossa natureza, relativamente à educação ou à sua falta, de acordo com a seguinte experiência. Suponhamos uns homens numa habitação subterrânea em forma de caverna, com uma entrada aberta para a luz, que se estende a todo o comprimento dessa gruta. Estão lá dentro desde a infância, algemados de pernas e pescoços, de tal maneira que só lhes é dado permanecer no mesmo lugar e olhar em frente; são incapazes de voltar a cabeça, por causa dos grilhões; serve-lhes de iluminação um fogo que se queima ao longe, numa eminência, por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros há um caminho ascendente, ao longo do qual se construiu um pequeno muro, no género dos tapumes que os homens dos "robertos" colocam diante do público, para mostrarem as suas habilidades por cima deles. – Estou a ver – disse ele.
– Visiona também ao longo deste muro, homens que transportam toda a espécie de objectos, que o ultrapassam: estatuetas de homens e de animais, de pedra e de madeira, de toda a espécie de lavor; como é natural, dos que os transportam, uns falam, outros seguem calados.
– Estranho quadro e estranhos prisioneiros são esses de que tu falas – observou ele.
– Semelhantes a nós – continuei -. Em primeiro lugar, pensas que, nestas condições, eles tenham visto, de si mesmo e dos outros, algo mais que as sombras projectadas pelo fogo na parede oposta da caverna?
– Como não – respondeu ele –, se são forçados a manter a cabeça imóvel toda a vida?
– E os objectos transportados? Não se passa o mesmo com eles ?
– Sem dúvida.
– Então, se eles fossem capazes de conversar uns com os outros, não te parece que eles julgariam estar a nomear objectos reais, quando designavam o que viam?
– É forçoso.
– E se a prisão tivesse também um eco na parede do fundo? Quando algum dos transeuntes falasse, não te parece que eles não julgariam outra coisa, senão que era a voz da sombra que passava?
– Por Zeus, que sim!
– De qualquer modo – afirmei – pessoas nessas condições não pensavam que a realidade fosse senão a sombra dos objectos.
– É absolutamente forçoso – disse ele.
– Considera pois – continuei – o que aconteceria se eles fossem soltos das cadeias e curados da sua ignorância, a ver se, regressados à sua natureza, as coisas se passavam deste modo. Logo que alguém soltasse um deles, e o forçasse a endireitar-se de repente, a voltar o pescoço, a andar e a olhar para a luz, ao fazer tudo isso, sentiria dor, e o deslumbramento impedi-lo-ia de fixar os objectos cujas sombras via outrora. Que julgas tu que ele diria, se alguém lhe afirmasse que até então ele só vira coisas vãs, ao passo que agora estava mais perto da realidade e via de verdade, voltado para objectos mais reais? E se ainda, mostrando-lhe cada um desses objectos que passavam, o forçassem com perguntas a dizer o que era? Não te parece que ele se veria em dificuldades e suporia que os objectos vistos outrora eram mais reais do que os que agora lhe mostravam?
– Muito mais – afirmou.
– Portanto, se alguém o forçasse a olhar para a própria luz, doer-lhe-iam os olhos e voltar-se-ia, para buscar refúgio junto dos objectos para os quais podia olhar, e julgaria ainda que estes eram na verdade mais nítidos do que os que lhe mostravam?
– Seria assim – disse ele.
– E se o arrancassem dali à força e o fizessem subir o caminho rude e íngreme, e não o deixassem fugir antes de o arrastarem até à luz do Sol, não seria natural que ele se doesse e agastasse, por ser assim arrastado, e, depois de chegar à luz, com os olhos deslumbrados, nem sequer pudesse ver nada daquilo que agora dizemos serem os verdadeiros objectos?
– Não poderia, de facto, pelo menos de repente.
– Precisava de se habituar, julgo eu, se quisesse ver o mundo superior. Em primeiro lugar, olharia mais facilmente para as sombras, depois disso, para as imagens dos homens e dos outros objectos, reflectidas na água, e, por último, para os próprios objectos. A partir de então, seria capaz de contemplar o que há no céu, e o próprio céu, durante a noite, olhando para a luz das estrelas e da Lua, mais facilmente do que se fosse o Sol e o seu brilho de dia.
– Pois não!
– Finalmente, julgo eu, seria capaz de olhar para o Sol e de o contemplar, não já a sua imagem na água ou em qualquer sítio, mas a ele mesmo, no seu lugar.
– Necessariamente.
– Depois já compreenderia, acerca do Sol, que é ele que causa as estações e os anos e que tudo dirige no mundo visível, e que é o responsável por tudo aquilo de que eles viam um arremedo.
– É evidente que depois chegaria a essas conclusões.
– E então? Quando ele se lembrasse da sua primitiva habitação, e do saber que lá possuía, dos seus companheiros de prisão desse tempo, não crês que ele se regozijaria com a mudança e deploraria os outros?
– Com certeza.
– E as honras e elogios, se alguns tinham então entre si, ou prémios para o que distinguisse com mais agudeza os objectos que passavam e se lembrasse melhor quais os que costumavam passar em primeiro lugar e quais em último, ou os que seguiam juntos, e àquele que dentre eles fosse mais hábil em predizer o que ia acontecer – parece-te que ele teria saudades ou inveja das honrarias e poder que havia entre eles, ou que experimentaria os mesmos sentimentos que em Homero, e seria seu intenso desejo "servir junto de um homem pobre, como servo da gleba", e antes sofrer tudo do que regressar àquelas ilusões e viver daquele modo?
– Suponho que seria assim – respondeu – que ele sofreria tudo, de preferência a viver daquela maneira.
– Imagina ainda o seguinte – prossegui eu -. Se um homem nessas condições descesse de novo para o seu antigo posto, não teria os olhos cheios de trevas, ao regressar subitamente da luz do Sol?
– Com certeza.
– E se lhe fosse necessário julgar daquelas sombras em competição com os que tinham estado sempre prisioneiros, no período em que ainda estava ofuscado, antes de adaptar a vista – e o tempo de se habituar não seria pouco – acaso não causaria o riso, e não diriam dele que, por ter subido ao mundo superior, estragara a vista, e que não valia a pena tentar a ascensão ? E a quem tentasse soltá-los e conduzi-los até cima, se pudessem agarrá-lo e matá-lo, não o matariam ?
– Matariam, sem dúvida – confirmou ele.
– Meu caro Gláucon, este quadro – prossegui eu – deve agora aplicar-se a tudo quanto dissemos anteriormente, comparando o mundo visível através dos olhos à caverna da prisão, e a luz da fogueira que lá existia à força do Sol. Quanto à subida ao mundo superior e à visão do que lá se encontra, se a tomares como a ascensão da alma ao mundo inteligível, não iludirás a minha expectativa, já que é teu desejo conhecê-la. O Deus sabe se ela é verdadeira. Pois, segundo entendo, no limite do cognoscível é que se avista, a custo, a ideia do Bem; e, uma vez avistada, compreende-se que ela é para todos a causa de quanto há de justo e belo; que, no mundo visível, foi ela que criou a luz, da qual é senhora; e que, no mundo inteligível, é ela a senhora da verdade e da inteligência, e que é preciso vê-la para se ser sensato na vida particular e pública
O Segredo por Ernesto Friedman
O Segredo começa com uma citação que é o resumo do conteúdo da obra: “O que está em cima é como o que está embaixo. O que está dentro é como o que está fora.” – Tábua das Esmeraldas, cerca de 3.000 a.C.
Entendeu? Provavelmente não. Vou ajudar. Vou lhe contar como se faz. As próximas palavras que você lerá poderão mudar sua vida. Elas lhe mostrarão como alcançar fama e fortuna escrevendo livros como o de Rhonda Byrne.
Segundo a autora, O Segredo é antigo e valioso. Diz ela: “Altamente cobiçado, ele foi transmitido ao longo dos tempos, ocultado, perdido, roubado e comprado por grandes somas de dinheiro.” Parece roteiro do filme Código Da Vince. Pois é mais ou menos por aí. O grande segredo é saber como escrever obras de qualidade duvidosa que tenham apelo popular e faturem milhões. Neste ramo, o livro O Segredo é exemplar. Já vendeu cerca de 10 milhões de cópias e gerou uma coleção de outros livros que pretendem tirar uma casquinha do sucesso do original. A autora Rhonda Byrne nos apresenta um modelo para se conseguir tudo que se deseja. Pelo menos, no que se refere aos desejos dela, o objetivo foi atingido. Ela e seus editores devem estar zilionários. Seja para ganhar dinheiro, curas milagrosas, sucesso profissional ou no amor, para tudo serve o dito Segredo. A apresentação do livro traz a boa nova: “Agora O Segredo está sendo revelado ao mundo.” Pois vou fazer o mesmo. Trarei a você “A Receita”, as regras mães de todos os livros de auto-ajuda. Vou lhe ensinar a ganhar dinheiro e usufruir de todas as maravilhas da vida. Você lerá a seguir um resumo do livro. Prepare-se, você será apresentado nas próximas linhas à definição de um projeto que pode levá-lo a fortuna. Se você for diligente, poderá conseguir até a vida eterna. Só depende de você. Pessoas espertas, como é o caso do bruxo Paulo Coelho, amealharam dinheiro e fama através do emprego da fórmula que vos passo a seguir. Enfim, A Receita se revela! Apresento aqui apenas o material básico. É claro que guardo alguns pulos-do-gato para vocês tomarem conhecimento quando comprarem e lerem A Receita. Passemos às regras de ouro:
- Regra I. Invente algo cuja eficiência não possa ser comprovada.
Isto é fundamental. Se sua idéia for realista, você está frito. Se for algo palpável, mensurável, não dá certo. Os ingênuos não acharão graça e os racionais vão cobrar os resultados. Você pode acabar na Justiça, respondendo a inúmeros processos contra propaganda enganosa. Fale sobre causas (seu método) e conseqüências (os resultados desejados pelos leitores), mas tome o cuidado de definir tudo de modo que uma coisa não tenha relação com a outra. Crie procedimentos que eventualmente combinam com os resultados desejados. O importante é que uma coisa possa levar à outra. Ou não! Resumindo, não há relação de causa e efeito entre o que você recomenda e o que acontece, mas você deve falar o tempo todo sobre esta vinculação. Por exemplo: se você oferecer a cura de uma doença, escolha alguma daquelas que eventualmente se curam sozinhas. Assim, você sempre terá a seu favor aquelas pessoas que se curaram e que jurarão que foi você o responsável. A homeopatia é mais ou menos assim e faz o maior sucesso. Se o sujeito se cura, é um milagre, se morre, dizem que era seu destino.
- Regra II. Dê exemplos de sucesso do seu método.
Isso! O povo adora generalizar um caso de sucesso. Como diz o meu ditado: “Para um bom ingênuo, um caso de sucesso vale mais que cem fracassos.” Relate casos de curas médicas extraordinárias. É claro que não precisa ser verdade. Pode inventar. Conte de gente que ficou milionário com suas dicas. Não precisa exagerar e contar que um moto boy, depois que leu seu livro, teve um caso com a Gisele Bündchen. Vá mais devagar. Por que não dizer que VOCÊ teve um caso com ela? Se o objetivo do método for fazer fortuna, descreva como pessoas ficaram milionárias com ele. Diga que Bill Gates foi um de seus seguidores. Claro que a relação dele com você é secreta e, portanto ninguém disso sabia antes de você decidir contar ao mundo.
- Regra III. Cite sábios e cientistas que utilizaram suas recomendações.
Cite personagens antigos brilhantes (Galileu e Einstein são boas pedidas). Isso contribui para dar uma aura de científico à sua proposta, por mais estapafúrdia que ela seja. Esta respeitabilidade falso-científica é cultuada pelo leigo. Gente com títulos pomposos agradam bastante. Em O Segredo, a autora começa citando o renomado “Dr. Joe Vitale, Doutor em Ciência Metafísica”. Seja lá o que isso for, temos que concordar: essa Rhonda Byrne é genial!
- Regra IV. Não fique só na conversa, proponha um método.
Em determinado momento de sua obra, proponha um método bem rigoroso para seus seguidores. Veja o exemplo do método Dentifrício do Dr. Snow. Ele professava que a pessoa deveria escovar os dentes todos os dias, após o café da manhã, e, neste momento, olhando firme para a sua imagem no espelho do banheiro, estabelecer um objetivo de crescimento pessoal, sentimental ou profissional para atingir naquele dia. Notem que o exemplo é meio idiota. Não poderia ser de outra forma, pois inventei agora mesmo. Mas ele serve para mostrar a necessidade de você propor alguma coisa. Não pode ficar enrolando o crédulo leitor sem oferecer nenhuma proposta para ele. Proponha um modelo de ações que o leitor deverá fazer que o leve a ter sucesso no amor, no dinheiro etc.. Cuide para que haja alguma ambigüidade nas regras para seu seguidor poder explicar mais tarde seus fracassos. Ele ficará convencido que não teve sucesso por não ter cumprido as regras da maneira certa. O bom dessa abordagem é você se proteger de cobranças futuras quanto aos resultados. Se o pobre coitado não consegue criar uma nova Microsoft, concluirá que não foi bem sucedido porque não se esforçou, não acreditou o suficiente ou não seguiu corretamente suas estranhas regras.
- Regra V. Apele para o místico.
O místico não tem mesmo explicação. Nada é tão alucinado como Florais de Bach ou emanações de Reiki, mas a rapaziada acredita. Use o misticismo sem cerimônias. Como é impossível de explicar, suas explanações parecerão complexas e darão brilho e sofisticação a seu método. Acrescentar algumas práticas indianas pegam muito bem. Quanto mais distante geograficamente ou no tempo for a civilização citada, mais o povo se exalta com suas sábias palavras. Diga, por exemplo, que os originais do seu método foram encontrados em pergaminhos escritos em aramaico antigo, num deserto entre os rios Tigre e Eufrates. Pode abusar na dosagem sem se ruborizar. Você verá como sempre surgirão crentes para sua conversa.
Há uma variante dessa regra: “combinar as regras IV e V”, ou seja, misturar o pseudocientífico e o místico. O artifício mais comum é usar a física quântica. Faça declarações peremptórias sobre a teoria quântica, incluindo que ela seja o elo entre o místico e o científico. Com essa conversa você mostrará que o místico funciona e que a ciência séria não pode explicar tudo. É eficiente. A teoria quântica é excelente material. Ninguém entende direito e seu charme é irresistível.
- Regra VI. A embalagem.
Atenção total para a forma. Seu livro deve ser de capa dura. A razão é simples: todo mundo acha que um livro de capa dura é mais sério que uma brochura. E não se esqueça de escrever pouco. Seus leitores não querem literatura, querem ficar ricos e famosos. Recomende a seu editor usar títulos com letras grandes, que o texto seja em letras avantajadas e que haja boa distância entre os parágrafos. Fotos que preencham páginas inteiras também são úteis para aumentar o volume do seu livro, compensando o minguado texto.
Dependendo do seu projeto, nesses nossos tempos modernos, é recomendado combinar várias mídias. Lance logo um DVD, que é muito bom para atender ao público mais sincero, que não quer ler nada mesmo e prefere um filme. Vídeos postados no You Tube podem ser úteis. Há que tomar cuidado, pois a vanguarda tecnológica não é bem vista para lançar “segredos” antigos que podem mudar sua vida. Ou seja, o bom e velho livro de papel ainda tem a pompa adequada para lançar um best seller de auto-ajuda. Eu vou fazer assim com A Receita. Rhonda fez no início com O Segredo.
- Regra VII. Não seja modesto em suas promessas.
Não se limite a dizer que o sujeito vai ganhar R$10 mil com as práticas que você recomenda. Diga logo que ele vai "bombar" e ganhar um milhão! Por outro lado, mesmo que venha a ter que responder a um processo por curandeirismo, não diga que vai curar o resfriado do leitor, diga que suas recomendações vão impedir que ele tenha qualquer doença ou vão curá-lo de um câncer terminal. A autora de O Segredo é muito ousada no uso dessa regra. São suas palavras: “Você sabe que as crenças sobre envelhecimento estão apenas em nossas mentes. A ciência explica que temos um corpo inteiramente novo em pouco tempo. Envelhecimento é pensamento limitado...” Não entendi bem o ponto de vista da esperta Rhonda Byrne, penso que ela tenha delirado um pouco nesse trecho do livro. Mas, em vista do sucesso que alcançou, ela é a prova viva (e rica) de que ousar na regra das promessas dá bom retorno.
- Regra VIII. O “efeito placebo” ou “aplacador de consciências”.
Talvez haja algo de bom nos livros de auto-ajuda. Use sua argumentação sem sentido para o bem. Desenvolva um projeto que leve as pessoas a se esforçarem em conseguir as coisas. Se seu esquema não cura nem leva o sujeito a ter qualquer tipo de sucesso, pelo menos não o mate nem conduza o infeliz a falência. Direcione para que as pessoas que caírem em sua história se concentrem em buscar o sucesso, isso pode lhes fazer bem. Se suas propostas lhes derem o foco nos problemas, será um fator indireto que pode resultar em algo de bom. Você será um fator motivacional para os leitores. A fé que você pode embutir num discípulo de sua seita de auto-ajuda pode levar o sujeito a trabalhar duro e vencer na vida. Também pode movê-lo a se sentir melhor mesmo estando para morrer. Pode retirá-lo de um estado de depressão que seria ruim para sua saúde. No mínimo ele poderá morrer mais feliz. É o efeito placebo, você não deu nada para o sujeito, mas, mesmo assim, ele melhora. Percebeu? Você será quase um santo! Magnífico. Você pode ficar rico e famoso e ainda dormir tranqüilo por ajudar aos outros.
- Regra IX. Seja fiel àquele que lhe conduziu à fortuna. Quem? Sou eu!
Depois de ficar milionário colocando em prática minhas sugestões, não se esqueça de me escrever (por favor, use o link de comentário mais abaixo) pedindo o número da conta. Faça um depósito polpudo em retribuição aos serviços que prestei ao lhe dar esta grande idéia. Agradeço desde já. Em tempo, o livro O Segredo é um caso de sucesso da utilização das valiosas regras que passamos a vocês aí atrás. Rhonda Byrne foi uma de nossas mais aplicadas discípulas. Ela pecou apenas por não utilizar a Regra IX. A ingrata não nos repassou nem um dólar sequer. E para terminar citamos uma pérola dos ensinamentos de Mrs. Byrne: “A única razão pela qual uma pessoa não tem dinheiro suficiente é estar impedindo com seus pensamentos que o dinheiro chegue até ela.” Pois é, deixe de ser incompetente, pare de pensar negativo, compre meu livro, use nossas regras, fique rico e deposite dinheiro na minha conta. Aguardem meu futuro sucesso de vendas: o livro A Receita.
Fonte: http://polemikos.com/livro/liv20071014.html
Entendeu? Provavelmente não. Vou ajudar. Vou lhe contar como se faz. As próximas palavras que você lerá poderão mudar sua vida. Elas lhe mostrarão como alcançar fama e fortuna escrevendo livros como o de Rhonda Byrne.
Segundo a autora, O Segredo é antigo e valioso. Diz ela: “Altamente cobiçado, ele foi transmitido ao longo dos tempos, ocultado, perdido, roubado e comprado por grandes somas de dinheiro.” Parece roteiro do filme Código Da Vince. Pois é mais ou menos por aí. O grande segredo é saber como escrever obras de qualidade duvidosa que tenham apelo popular e faturem milhões. Neste ramo, o livro O Segredo é exemplar. Já vendeu cerca de 10 milhões de cópias e gerou uma coleção de outros livros que pretendem tirar uma casquinha do sucesso do original. A autora Rhonda Byrne nos apresenta um modelo para se conseguir tudo que se deseja. Pelo menos, no que se refere aos desejos dela, o objetivo foi atingido. Ela e seus editores devem estar zilionários. Seja para ganhar dinheiro, curas milagrosas, sucesso profissional ou no amor, para tudo serve o dito Segredo. A apresentação do livro traz a boa nova: “Agora O Segredo está sendo revelado ao mundo.” Pois vou fazer o mesmo. Trarei a você “A Receita”, as regras mães de todos os livros de auto-ajuda. Vou lhe ensinar a ganhar dinheiro e usufruir de todas as maravilhas da vida. Você lerá a seguir um resumo do livro. Prepare-se, você será apresentado nas próximas linhas à definição de um projeto que pode levá-lo a fortuna. Se você for diligente, poderá conseguir até a vida eterna. Só depende de você. Pessoas espertas, como é o caso do bruxo Paulo Coelho, amealharam dinheiro e fama através do emprego da fórmula que vos passo a seguir. Enfim, A Receita se revela! Apresento aqui apenas o material básico. É claro que guardo alguns pulos-do-gato para vocês tomarem conhecimento quando comprarem e lerem A Receita. Passemos às regras de ouro:
- Regra I. Invente algo cuja eficiência não possa ser comprovada.
Isto é fundamental. Se sua idéia for realista, você está frito. Se for algo palpável, mensurável, não dá certo. Os ingênuos não acharão graça e os racionais vão cobrar os resultados. Você pode acabar na Justiça, respondendo a inúmeros processos contra propaganda enganosa. Fale sobre causas (seu método) e conseqüências (os resultados desejados pelos leitores), mas tome o cuidado de definir tudo de modo que uma coisa não tenha relação com a outra. Crie procedimentos que eventualmente combinam com os resultados desejados. O importante é que uma coisa possa levar à outra. Ou não! Resumindo, não há relação de causa e efeito entre o que você recomenda e o que acontece, mas você deve falar o tempo todo sobre esta vinculação. Por exemplo: se você oferecer a cura de uma doença, escolha alguma daquelas que eventualmente se curam sozinhas. Assim, você sempre terá a seu favor aquelas pessoas que se curaram e que jurarão que foi você o responsável. A homeopatia é mais ou menos assim e faz o maior sucesso. Se o sujeito se cura, é um milagre, se morre, dizem que era seu destino.
- Regra II. Dê exemplos de sucesso do seu método.
Isso! O povo adora generalizar um caso de sucesso. Como diz o meu ditado: “Para um bom ingênuo, um caso de sucesso vale mais que cem fracassos.” Relate casos de curas médicas extraordinárias. É claro que não precisa ser verdade. Pode inventar. Conte de gente que ficou milionário com suas dicas. Não precisa exagerar e contar que um moto boy, depois que leu seu livro, teve um caso com a Gisele Bündchen. Vá mais devagar. Por que não dizer que VOCÊ teve um caso com ela? Se o objetivo do método for fazer fortuna, descreva como pessoas ficaram milionárias com ele. Diga que Bill Gates foi um de seus seguidores. Claro que a relação dele com você é secreta e, portanto ninguém disso sabia antes de você decidir contar ao mundo.
- Regra III. Cite sábios e cientistas que utilizaram suas recomendações.
Cite personagens antigos brilhantes (Galileu e Einstein são boas pedidas). Isso contribui para dar uma aura de científico à sua proposta, por mais estapafúrdia que ela seja. Esta respeitabilidade falso-científica é cultuada pelo leigo. Gente com títulos pomposos agradam bastante. Em O Segredo, a autora começa citando o renomado “Dr. Joe Vitale, Doutor em Ciência Metafísica”. Seja lá o que isso for, temos que concordar: essa Rhonda Byrne é genial!
- Regra IV. Não fique só na conversa, proponha um método.
Em determinado momento de sua obra, proponha um método bem rigoroso para seus seguidores. Veja o exemplo do método Dentifrício do Dr. Snow. Ele professava que a pessoa deveria escovar os dentes todos os dias, após o café da manhã, e, neste momento, olhando firme para a sua imagem no espelho do banheiro, estabelecer um objetivo de crescimento pessoal, sentimental ou profissional para atingir naquele dia. Notem que o exemplo é meio idiota. Não poderia ser de outra forma, pois inventei agora mesmo. Mas ele serve para mostrar a necessidade de você propor alguma coisa. Não pode ficar enrolando o crédulo leitor sem oferecer nenhuma proposta para ele. Proponha um modelo de ações que o leitor deverá fazer que o leve a ter sucesso no amor, no dinheiro etc.. Cuide para que haja alguma ambigüidade nas regras para seu seguidor poder explicar mais tarde seus fracassos. Ele ficará convencido que não teve sucesso por não ter cumprido as regras da maneira certa. O bom dessa abordagem é você se proteger de cobranças futuras quanto aos resultados. Se o pobre coitado não consegue criar uma nova Microsoft, concluirá que não foi bem sucedido porque não se esforçou, não acreditou o suficiente ou não seguiu corretamente suas estranhas regras.
- Regra V. Apele para o místico.
O místico não tem mesmo explicação. Nada é tão alucinado como Florais de Bach ou emanações de Reiki, mas a rapaziada acredita. Use o misticismo sem cerimônias. Como é impossível de explicar, suas explanações parecerão complexas e darão brilho e sofisticação a seu método. Acrescentar algumas práticas indianas pegam muito bem. Quanto mais distante geograficamente ou no tempo for a civilização citada, mais o povo se exalta com suas sábias palavras. Diga, por exemplo, que os originais do seu método foram encontrados em pergaminhos escritos em aramaico antigo, num deserto entre os rios Tigre e Eufrates. Pode abusar na dosagem sem se ruborizar. Você verá como sempre surgirão crentes para sua conversa.
Há uma variante dessa regra: “combinar as regras IV e V”, ou seja, misturar o pseudocientífico e o místico. O artifício mais comum é usar a física quântica. Faça declarações peremptórias sobre a teoria quântica, incluindo que ela seja o elo entre o místico e o científico. Com essa conversa você mostrará que o místico funciona e que a ciência séria não pode explicar tudo. É eficiente. A teoria quântica é excelente material. Ninguém entende direito e seu charme é irresistível.
- Regra VI. A embalagem.
Atenção total para a forma. Seu livro deve ser de capa dura. A razão é simples: todo mundo acha que um livro de capa dura é mais sério que uma brochura. E não se esqueça de escrever pouco. Seus leitores não querem literatura, querem ficar ricos e famosos. Recomende a seu editor usar títulos com letras grandes, que o texto seja em letras avantajadas e que haja boa distância entre os parágrafos. Fotos que preencham páginas inteiras também são úteis para aumentar o volume do seu livro, compensando o minguado texto.
Dependendo do seu projeto, nesses nossos tempos modernos, é recomendado combinar várias mídias. Lance logo um DVD, que é muito bom para atender ao público mais sincero, que não quer ler nada mesmo e prefere um filme. Vídeos postados no You Tube podem ser úteis. Há que tomar cuidado, pois a vanguarda tecnológica não é bem vista para lançar “segredos” antigos que podem mudar sua vida. Ou seja, o bom e velho livro de papel ainda tem a pompa adequada para lançar um best seller de auto-ajuda. Eu vou fazer assim com A Receita. Rhonda fez no início com O Segredo.
- Regra VII. Não seja modesto em suas promessas.
Não se limite a dizer que o sujeito vai ganhar R$10 mil com as práticas que você recomenda. Diga logo que ele vai "bombar" e ganhar um milhão! Por outro lado, mesmo que venha a ter que responder a um processo por curandeirismo, não diga que vai curar o resfriado do leitor, diga que suas recomendações vão impedir que ele tenha qualquer doença ou vão curá-lo de um câncer terminal. A autora de O Segredo é muito ousada no uso dessa regra. São suas palavras: “Você sabe que as crenças sobre envelhecimento estão apenas em nossas mentes. A ciência explica que temos um corpo inteiramente novo em pouco tempo. Envelhecimento é pensamento limitado...” Não entendi bem o ponto de vista da esperta Rhonda Byrne, penso que ela tenha delirado um pouco nesse trecho do livro. Mas, em vista do sucesso que alcançou, ela é a prova viva (e rica) de que ousar na regra das promessas dá bom retorno.
- Regra VIII. O “efeito placebo” ou “aplacador de consciências”.
Talvez haja algo de bom nos livros de auto-ajuda. Use sua argumentação sem sentido para o bem. Desenvolva um projeto que leve as pessoas a se esforçarem em conseguir as coisas. Se seu esquema não cura nem leva o sujeito a ter qualquer tipo de sucesso, pelo menos não o mate nem conduza o infeliz a falência. Direcione para que as pessoas que caírem em sua história se concentrem em buscar o sucesso, isso pode lhes fazer bem. Se suas propostas lhes derem o foco nos problemas, será um fator indireto que pode resultar em algo de bom. Você será um fator motivacional para os leitores. A fé que você pode embutir num discípulo de sua seita de auto-ajuda pode levar o sujeito a trabalhar duro e vencer na vida. Também pode movê-lo a se sentir melhor mesmo estando para morrer. Pode retirá-lo de um estado de depressão que seria ruim para sua saúde. No mínimo ele poderá morrer mais feliz. É o efeito placebo, você não deu nada para o sujeito, mas, mesmo assim, ele melhora. Percebeu? Você será quase um santo! Magnífico. Você pode ficar rico e famoso e ainda dormir tranqüilo por ajudar aos outros.
- Regra IX. Seja fiel àquele que lhe conduziu à fortuna. Quem? Sou eu!
Depois de ficar milionário colocando em prática minhas sugestões, não se esqueça de me escrever (por favor, use o link de comentário mais abaixo) pedindo o número da conta. Faça um depósito polpudo em retribuição aos serviços que prestei ao lhe dar esta grande idéia. Agradeço desde já. Em tempo, o livro O Segredo é um caso de sucesso da utilização das valiosas regras que passamos a vocês aí atrás. Rhonda Byrne foi uma de nossas mais aplicadas discípulas. Ela pecou apenas por não utilizar a Regra IX. A ingrata não nos repassou nem um dólar sequer. E para terminar citamos uma pérola dos ensinamentos de Mrs. Byrne: “A única razão pela qual uma pessoa não tem dinheiro suficiente é estar impedindo com seus pensamentos que o dinheiro chegue até ela.” Pois é, deixe de ser incompetente, pare de pensar negativo, compre meu livro, use nossas regras, fique rico e deposite dinheiro na minha conta. Aguardem meu futuro sucesso de vendas: o livro A Receita.
Fonte: http://polemikos.com/livro/liv20071014.html
Eu recomendo: Filme - 300
Sinopse:
Em 480 a.C., o Imperador da Pérsia, Xerxes (Rodrigo Santoro), envia seu exército para conquistar a Grécia. No entanto, a cidade grega de Esparta tem os melhores guerreiros de sua época e 300 deles estão escalados para lutarem contra os persas. A batalha é uma missão suicida para todos e servirá para que o resto do exército grego se prepare para a defesa da terra na próxima etapa.
Em 480 a.C., o Imperador da Pérsia, Xerxes (Rodrigo Santoro), envia seu exército para conquistar a Grécia. No entanto, a cidade grega de Esparta tem os melhores guerreiros de sua época e 300 deles estão escalados para lutarem contra os persas. A batalha é uma missão suicida para todos e servirá para que o resto do exército grego se prepare para a defesa da terra na próxima etapa.
Eu recomendo: Filme - Gladiador
Sinopse:
Maximus é um importante general romano com a total confiança de Marcus Aurelius, que está em seus últimos dias de reinado. O imperador atiça a fúria de seu filho Commodus ao comunicá-lo o interesse de transferir seu reinado para Maximus, por considerá-lo com mais força do que para ele, seu filho de sangue real. Commodus então inicia uma profunda revolta movida por vingança. Assassina seu pai e, ao pedir a lealdade de Maximus e a tê-la negada, expande sua área de atividade para o general e sua família. Maximus é condenado à morte, mas escapa e começa uma longa jornada para se vingar do que lhe aconteceu. É o general que se tornou um escravo. O escravo que se tornou um gladiador. O gladiador que desafiou um império.
Maximus é um importante general romano com a total confiança de Marcus Aurelius, que está em seus últimos dias de reinado. O imperador atiça a fúria de seu filho Commodus ao comunicá-lo o interesse de transferir seu reinado para Maximus, por considerá-lo com mais força do que para ele, seu filho de sangue real. Commodus então inicia uma profunda revolta movida por vingança. Assassina seu pai e, ao pedir a lealdade de Maximus e a tê-la negada, expande sua área de atividade para o general e sua família. Maximus é condenado à morte, mas escapa e começa uma longa jornada para se vingar do que lhe aconteceu. É o general que se tornou um escravo. O escravo que se tornou um gladiador. O gladiador que desafiou um império.
Eu recomendo: Filme - Coração Valente
Sinopse:
Quando a esposa de William Walace (Mel Gibson) é brutalizada e assassinada pelas tropas inglesas, sua busca por vingança rapidamente transforma-se em uma apaixonada luta pela liberdade de seu país. As lendas que contam a bravura de Wallace inspiram os cidadãos comuns a pegarem em armas contra os ingleses e transformam sua cruzada em uma guerra de grandes proporções.
Quando a esposa de William Walace (Mel Gibson) é brutalizada e assassinada pelas tropas inglesas, sua busca por vingança rapidamente transforma-se em uma apaixonada luta pela liberdade de seu país. As lendas que contam a bravura de Wallace inspiram os cidadãos comuns a pegarem em armas contra os ingleses e transformam sua cruzada em uma guerra de grandes proporções.
Consumo, logo existo por Frei Betto
Ao visitar em agosto a admirável obra social de Carlinhos Brown, no Candeal, em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali na pobreza, ele não conheceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas e hortaliças. "Quem trouxe a fome foi a geladeira", disse. O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes etc.A economia de mercado, centrada no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável.
É próprio do humano - e nisso também nos diferenciamos dos animais - manipular o alimento que ingere. A refeição exige preparo, criatividade, e a cozinha é laboratório culinário, como a mesa é missa, no sentido litúrgico.
A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido de arte. Entre humanos, comer exige um mínimo de cerimônia: sentar à mesa coberta pela toalha, usar talheres, apresentar os pratos com esmero e, sobretudo, desfrutar da companhia de outros comensais. Trata-se de um ritual que possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano comer de pé ou sozinho, retirando o alimento diretamente da panela.
Marx já havia se dado conta do peso da geladeira. Nos "Manuscritos econômicos e filosóficos" (1844), ele constata que "o valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens. Portanto, em si o homem não tem valor para nós." O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores, somos também consumidos. As mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social. Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da pobreza e à cultura da exclusão.
Para o povo maori da Nova Zelândia cada coisa, e não apenas as pessoas, tem alma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essa interação matéria-espírito. Ora, se dizem a nós que um aborígene cultua uma árvore ou pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de desdém. Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um determinado vinho guardado na adega, uma jóia?
Assim como um objeto se associa a seu dono nas comunidades tribais, na sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife. Não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro, e sim uma Ferrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um famoso estilista a gata borralheira transforma-se em cinderela…
Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder. Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade.
Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela mas não é ela: bens, cifrões, cargos etc.
Comércio deriva de "com mercê", com troca. Hoje as relações de consumo são desprovidas de troca, impessoais, não mais mediatizadas pelas pessoas. Outrora, a quitanda, o boteco, a mercearia, criavam vínculos entre o vendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações de vizinhança, como ainda ocorre na feira.
Agora o supermercado suprime a presença humana. Lá está a gôndola abarrotada de produtos sedutoramente embalados. Ali, a frustração da falta de convívio é compensada pelo consumo supérfluo. "Nada poderia ser maior que a sedução" - diz Jean Baudrillard - "nem mesmo a ordem que a destrói." E a sedução ganha seu supremo canal na compra pela internet. Sem sair da cadeira o consumidor faz chegar à sua casa todos os produtos que deseja.
Vou com freqüência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam indagando se necessito algo. "Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático", respondo. Olham-me intrigados. Então explico: Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo. Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas. E, assediado por vendedores como vocês, respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz".
Fonte: http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=24552
É próprio do humano - e nisso também nos diferenciamos dos animais - manipular o alimento que ingere. A refeição exige preparo, criatividade, e a cozinha é laboratório culinário, como a mesa é missa, no sentido litúrgico.
A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido de arte. Entre humanos, comer exige um mínimo de cerimônia: sentar à mesa coberta pela toalha, usar talheres, apresentar os pratos com esmero e, sobretudo, desfrutar da companhia de outros comensais. Trata-se de um ritual que possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano comer de pé ou sozinho, retirando o alimento diretamente da panela.
Marx já havia se dado conta do peso da geladeira. Nos "Manuscritos econômicos e filosóficos" (1844), ele constata que "o valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens. Portanto, em si o homem não tem valor para nós." O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores, somos também consumidos. As mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social. Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da pobreza e à cultura da exclusão.
Para o povo maori da Nova Zelândia cada coisa, e não apenas as pessoas, tem alma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essa interação matéria-espírito. Ora, se dizem a nós que um aborígene cultua uma árvore ou pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de desdém. Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um determinado vinho guardado na adega, uma jóia?
Assim como um objeto se associa a seu dono nas comunidades tribais, na sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife. Não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro, e sim uma Ferrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um famoso estilista a gata borralheira transforma-se em cinderela…
Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder. Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade.
Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela mas não é ela: bens, cifrões, cargos etc.
Comércio deriva de "com mercê", com troca. Hoje as relações de consumo são desprovidas de troca, impessoais, não mais mediatizadas pelas pessoas. Outrora, a quitanda, o boteco, a mercearia, criavam vínculos entre o vendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações de vizinhança, como ainda ocorre na feira.
Agora o supermercado suprime a presença humana. Lá está a gôndola abarrotada de produtos sedutoramente embalados. Ali, a frustração da falta de convívio é compensada pelo consumo supérfluo. "Nada poderia ser maior que a sedução" - diz Jean Baudrillard - "nem mesmo a ordem que a destrói." E a sedução ganha seu supremo canal na compra pela internet. Sem sair da cadeira o consumidor faz chegar à sua casa todos os produtos que deseja.
Vou com freqüência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam indagando se necessito algo. "Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático", respondo. Olham-me intrigados. Então explico: Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo. Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas. E, assediado por vendedores como vocês, respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz".
Fonte: http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=24552
Religião do consumo - Por Frei Betto
O "Financial Times", de Londres, noticiou que a Young & Rubicam, uma dasmaiores agências de publicidade do mundo, divulgou a lista das dez grifesmais reconhecidas por 45.444 jovens e adultos de 19 países. São elas:Coca-Cola (35 milhões de unidades vendidas a cada hora), Disney, Nike,BMW, Porsche, Mercedes-Benz, Adidas, Rolls-Royce, Calvin Klein e Rolex.
"As marcas constituem a nova religião. As pessoas se voltam a elas embusca de sentido", declarou um diretor da Young & Rubicam. Disse aindaque essas grifes "possuem paixão e dinamismo necessários para transformaro mundo e converter as pessoas em sua maneira de pensar".
A Fitch, consultoria londrina de design, no ano passado realçou o caráter"divino" dessas marcas famosas, assinalando que, aos domingos, as pessoaspreferem o shopping à missa ou ao culto. Em favor de sua tese, a empresaevocou dois exemplos: desde 1991, cerca de 12 mil pessoas celebraramnúpcias nos parques da DisneyWorld, e estão virando moda os féretrosmarca Halley, nos quais são enterrados os motoqueiros fissurados emprodutos Halley-Davidson.
A tese não carece de lógica. Marx já havia denunciado o fetiche damercadoria. Ainda engatinhando, a Revolução Industrial descobriu que aspessoas não querem apenas o necessário. Se dispõem de poder aquisitivo,adoram ostentar o supérfluo. A publicidade veio ajudar o supérfluo aimpor-se como necessário.
A mercadoria, intermediária na relação entre seres humanos(pessoa-mercadoria-pessoa), passou a ocupar os pólos(mercadoria-pessoa-mercadoria). Se chego à casa de um amigo de ônibus,meu valor é inferior ao de quem chega de BMW. Isso vale para a camisa quevisto ou o relógio que trago no pulso. Não sou eu, pessoa humana, quefaço uso do objeto. É o produto, revestido de fetiche, que me imprimevalor, aumentando a minha cotação no mercado das relações sociais. O quefaria um Descartes neoliberal proclamar: "Consumo, logo existo". Fora domercado não há salvação, alertam os novos sacerdotes da idolatria consumista.
Essa apropriação religiosa do mercado é evidente nos shopping-centers,tão bem criticados por José Saramago em A Caverna. Quase todos possuemlinhas arquitetônicas de catedrais estilizadas. São os templos do deusmercado. Neles não se entra com qualquer traje, e sim com roupa de missade domingo. Percorrem-se os seus claustros marmorizados ao som dogregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Ali dentrotudo evoca o paraíso: não há mendigos nem pivetes, pobreza ou miséria.Com olhar devoto, o consumidor contempla as capelas que ostentam, emricos nichos, os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belassacerdotisas. Quem pode pagar à vista, sente-se no céu; quem recorre aocheque especial ou ao crediário, no purgatório; quem não dispõe derecurso, no inferno. Na saída, entretanto, todos se irmanam na mesa"eucarística"do McDonald's.
A Young & Rubicam comparou as agências de publicidade aos missionáriosque difundiram pelo mundo religiões como o cristianismo e o islamismo."As religiões eram baseadas em idéias poderosas que conferiam significadoe objetivo à vida", declarou o diretor da agência inglesa.
A fé imprime sentido subjetivo à vida, objetivando-a na prática do amor,enquanto um produto cria apenas a ilusória sensação de que, graças a ele,temos mais valor aos olhos alheios. O consumismo é a doença da baixaauto-estima. Um são Francisco de Assis ou Gandhi não necessitava denenhum artifício para centrar-se em si e descentrar-se nos outros e emDeus.
O pecado original dessa nova "religião" é que, ao contrário dastradicionais, ela não é altruísta, é egoísta; não favorece asolidariedade, e sim a competitividade; não faz da vida dom, mas posse. Eo que é pior: acena com o paraíso na Terra e manda o consumidor para aeternidade completamente desprovido de todos os bens que acumulou destelado da vida.
A crítica do fetiche da mercadoria data de oito séculos antes de Cristo,conforme este texto do profeta Isaías: "O carpinteiro mede a madeira,desenha a lápis uma figura, trabalha-a com o formão e aplica-lhe ocompasso. Faz a escultura com medidas do corpo humano e com rosto dehomem, para que essa imagem possa estar num templo de cedro. O próprioescultor usa parte dessa madeira para esquentar e assar seu pão; e tambémfabrica um deus e diante dele se ajoelha e faz uma oração, dizendo:"Salva-me, porque tu és o meu deus!" (44, 13-17).
Da religião do consumo não escapa nem o consumo da religião, apresentadacomo um remédio miraculoso, capaz de aliviar dores e angústias, garantirprosperidade e alegria. Enquanto isso, Ele tem fome e não lhe dão decomer (Mateus 25, 31-40).
Frei Betto é escritor, autor do romance "Hotel Brasil" (Ática), entreoutros livros
Fonte: http://br.geocities.com/escolhavegan/religiao_do_consumo.htm
"As marcas constituem a nova religião. As pessoas se voltam a elas embusca de sentido", declarou um diretor da Young & Rubicam. Disse aindaque essas grifes "possuem paixão e dinamismo necessários para transformaro mundo e converter as pessoas em sua maneira de pensar".
A Fitch, consultoria londrina de design, no ano passado realçou o caráter"divino" dessas marcas famosas, assinalando que, aos domingos, as pessoaspreferem o shopping à missa ou ao culto. Em favor de sua tese, a empresaevocou dois exemplos: desde 1991, cerca de 12 mil pessoas celebraramnúpcias nos parques da DisneyWorld, e estão virando moda os féretrosmarca Halley, nos quais são enterrados os motoqueiros fissurados emprodutos Halley-Davidson.
A tese não carece de lógica. Marx já havia denunciado o fetiche damercadoria. Ainda engatinhando, a Revolução Industrial descobriu que aspessoas não querem apenas o necessário. Se dispõem de poder aquisitivo,adoram ostentar o supérfluo. A publicidade veio ajudar o supérfluo aimpor-se como necessário.
A mercadoria, intermediária na relação entre seres humanos(pessoa-mercadoria-pessoa), passou a ocupar os pólos(mercadoria-pessoa-mercadoria). Se chego à casa de um amigo de ônibus,meu valor é inferior ao de quem chega de BMW. Isso vale para a camisa quevisto ou o relógio que trago no pulso. Não sou eu, pessoa humana, quefaço uso do objeto. É o produto, revestido de fetiche, que me imprimevalor, aumentando a minha cotação no mercado das relações sociais. O quefaria um Descartes neoliberal proclamar: "Consumo, logo existo". Fora domercado não há salvação, alertam os novos sacerdotes da idolatria consumista.
Essa apropriação religiosa do mercado é evidente nos shopping-centers,tão bem criticados por José Saramago em A Caverna. Quase todos possuemlinhas arquitetônicas de catedrais estilizadas. São os templos do deusmercado. Neles não se entra com qualquer traje, e sim com roupa de missade domingo. Percorrem-se os seus claustros marmorizados ao som dogregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Ali dentrotudo evoca o paraíso: não há mendigos nem pivetes, pobreza ou miséria.Com olhar devoto, o consumidor contempla as capelas que ostentam, emricos nichos, os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belassacerdotisas. Quem pode pagar à vista, sente-se no céu; quem recorre aocheque especial ou ao crediário, no purgatório; quem não dispõe derecurso, no inferno. Na saída, entretanto, todos se irmanam na mesa"eucarística"do McDonald's.
A Young & Rubicam comparou as agências de publicidade aos missionáriosque difundiram pelo mundo religiões como o cristianismo e o islamismo."As religiões eram baseadas em idéias poderosas que conferiam significadoe objetivo à vida", declarou o diretor da agência inglesa.
A fé imprime sentido subjetivo à vida, objetivando-a na prática do amor,enquanto um produto cria apenas a ilusória sensação de que, graças a ele,temos mais valor aos olhos alheios. O consumismo é a doença da baixaauto-estima. Um são Francisco de Assis ou Gandhi não necessitava denenhum artifício para centrar-se em si e descentrar-se nos outros e emDeus.
O pecado original dessa nova "religião" é que, ao contrário dastradicionais, ela não é altruísta, é egoísta; não favorece asolidariedade, e sim a competitividade; não faz da vida dom, mas posse. Eo que é pior: acena com o paraíso na Terra e manda o consumidor para aeternidade completamente desprovido de todos os bens que acumulou destelado da vida.
A crítica do fetiche da mercadoria data de oito séculos antes de Cristo,conforme este texto do profeta Isaías: "O carpinteiro mede a madeira,desenha a lápis uma figura, trabalha-a com o formão e aplica-lhe ocompasso. Faz a escultura com medidas do corpo humano e com rosto dehomem, para que essa imagem possa estar num templo de cedro. O próprioescultor usa parte dessa madeira para esquentar e assar seu pão; e tambémfabrica um deus e diante dele se ajoelha e faz uma oração, dizendo:"Salva-me, porque tu és o meu deus!" (44, 13-17).
Da religião do consumo não escapa nem o consumo da religião, apresentadacomo um remédio miraculoso, capaz de aliviar dores e angústias, garantirprosperidade e alegria. Enquanto isso, Ele tem fome e não lhe dão decomer (Mateus 25, 31-40).
Frei Betto é escritor, autor do romance "Hotel Brasil" (Ática), entreoutros livros
Fonte: http://br.geocities.com/escolhavegan/religiao_do_consumo.htm
Eu recomendo - Filme: O Fabuloso Destino de Amelie Poulain
Sinopse
O filme conta a história de Amélie, uma menina que cresceu isolada das outras crianças. Isso porque seu pai achava que Amélie possuia uma anomalia no coração, já que este batia muito rápido durante os exames mensais que o pai fazia na menina. Na verdade, Amélie ficava nervosa com este raro contato físico com o pai. Por isso, e somente por isso, seu coração batia mais rápido que o normal. Seus pais, então, privaram Amélie de freqüentar escola e ter contato com outras crianças. Sua mãe, que era professora, foi quem a alfabetizou até falecer quando Amélie ainda era menina. Sua infância solitária e a morte prematura de sua mãe influenciaram fortemente o desenvolvimento de Amélie e a forma como ela se relacionava com as pessoas e com o mundo depois de adulta.
Após sua maioridade, mudou-se do subúrbio para o bairro parisience de Montmartre onde começou a trabalhar como garçonete. Certo dia, encontra no banheiro de seu apartamento uma caixinha com brinquedos e figurinhas pertencente ao antigo morador do apartamento. Decide procurá-lo e entregar o pertence ao seu dono, Dominique, anonimamente. Ao notar que ele chora de alegria ao reaver o seu objeto, a moça fica impressionada e remodela sua visão do mundo.
A partir de então, Amélie se engaja na realização de pequenos gestos a fim de ajudar e tornar mais felizes as pessoas ao seu redor. Ela ganha aí um novo sentido para sua existência. Em uma destas pequenas grandes ações ela encontra um homem por quem se apaixona à primeira vista. E então seu destino muda para sempre...
Para obter mais informações, acesse:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Le_fabuleux_destin_d'Am%C3%A9lie_Poulain
O filme conta a história de Amélie, uma menina que cresceu isolada das outras crianças. Isso porque seu pai achava que Amélie possuia uma anomalia no coração, já que este batia muito rápido durante os exames mensais que o pai fazia na menina. Na verdade, Amélie ficava nervosa com este raro contato físico com o pai. Por isso, e somente por isso, seu coração batia mais rápido que o normal. Seus pais, então, privaram Amélie de freqüentar escola e ter contato com outras crianças. Sua mãe, que era professora, foi quem a alfabetizou até falecer quando Amélie ainda era menina. Sua infância solitária e a morte prematura de sua mãe influenciaram fortemente o desenvolvimento de Amélie e a forma como ela se relacionava com as pessoas e com o mundo depois de adulta.
Após sua maioridade, mudou-se do subúrbio para o bairro parisience de Montmartre onde começou a trabalhar como garçonete. Certo dia, encontra no banheiro de seu apartamento uma caixinha com brinquedos e figurinhas pertencente ao antigo morador do apartamento. Decide procurá-lo e entregar o pertence ao seu dono, Dominique, anonimamente. Ao notar que ele chora de alegria ao reaver o seu objeto, a moça fica impressionada e remodela sua visão do mundo.
A partir de então, Amélie se engaja na realização de pequenos gestos a fim de ajudar e tornar mais felizes as pessoas ao seu redor. Ela ganha aí um novo sentido para sua existência. Em uma destas pequenas grandes ações ela encontra um homem por quem se apaixona à primeira vista. E então seu destino muda para sempre...
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Le_fabuleux_destin_d'Am%C3%A9lie_Poulain
Eu recomendo: Filme - V de Vingança
Sinopse
Na paisagem futurista de uma Inglaterra totalitária, V de Vingança conta a história de uma pacata jovem chamada Evey (NATALIE PORTMAN), que é resgatada de uma situação de vida e morte por um homem mascarado, conhecido apenas como “V”. Incomparavelmente carismático e extremamente abilidoso na arte do combate e destruição, V inicia uma revolução quando convoca seus compatriotas a erguerem-se contra a tirania e opressão. Enquanto Evey descobre a verdade sobre o misterioso passado de V, ela também descobre a verdade sobre si mesma – e emerge como uma improvável aliada na culminação do plano de V, para trazer liberdade e justiça de volta à sociedade repleta de crueldade e corrupção.
Para obter mais informações, acesse: http://wwws.br.warnerbros.com/vforvendetta/photos.html
Na paisagem futurista de uma Inglaterra totalitária, V de Vingança conta a história de uma pacata jovem chamada Evey (NATALIE PORTMAN), que é resgatada de uma situação de vida e morte por um homem mascarado, conhecido apenas como “V”. Incomparavelmente carismático e extremamente abilidoso na arte do combate e destruição, V inicia uma revolução quando convoca seus compatriotas a erguerem-se contra a tirania e opressão. Enquanto Evey descobre a verdade sobre o misterioso passado de V, ela também descobre a verdade sobre si mesma – e emerge como uma improvável aliada na culminação do plano de V, para trazer liberdade e justiça de volta à sociedade repleta de crueldade e corrupção.
Para obter mais informações, acesse: http://wwws.br.warnerbros.com/vforvendetta/photos.html
PRIMEIRA VEZ
Bem, pela primeira vez tenho um blog e pretendo escrever os meus pensamentos e as minhas idéias. Adoro também ler e tudo de interessante que eu ler, irei relatar também aqui. Então, boa leitura!
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