quarta-feira, 21 de maio de 2008

Verdade por Carlos Drummond de Andrade

A porta da verdade estava aberta
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim nao era possível atingir toda a verdade,p
orque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil da meia verdade
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não conincidiam.

Arrebentaram a porta.
Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso onde a verdade esplendia fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar.
Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

2 comentários:

-' disse...

Me fez refletir muito...
adorei

Diogo Rodrigues disse...

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Trilegal esse poema, CDA é foda. Mas pra mim a melhor é 'Quadrilha'. Muito massa!