quinta-feira, 5 de junho de 2008

Seis Técnicas de Conversão por Jânio Sarmento

Cultos e organizações de potencial humano estão sempre procurando por novos conversos. Para atingi-los, eles devem também criar uma fase cerebral. E freqüentemente eles precisam fazer isso num período muito curto — um fim de semana, ou talvez mesmo um dia. Seguem as seis técnicas primárias usadas para gerar a conversão.

O encontro ou treinamento toma lugar numa área onde os participantes são desconectados do mundo exterior. Pode ser qualquer lugar: uma casa particular, uma propriedade remota, ou rural, ou mesmo uma sala de convenções de hotel, onde as pessoas podem no máximo fazer uso limitado do banheiro. Nos treinamentos de potencial humano, os controladores darão uma longa palestra sobre a importância de “manter acordos” na vida.

Aos participantes é dito que se eles não mantiverem acordos, suas vidas jamais funcionarão. É uma boa idéia manter agordos, mas os controladores estão subvertendo um valor humano positivo por propósitos egocêntricos. Os participantes juram a si mesmos e aos treinadores que eles manterão seus acordos. Qualquer um que não jure será intimidado até jurar, ou forçado a sair. O próximo passo é concordar com o treinamento completo, portanto assegurando uma alta percentagem de conversões para as organizações.

Normalmente eles têm que concordar em não tomar drogas, fumar, e às vezes em não comer… ou então lhes é dado fazer refeições tão curtas que criam tensão. A razão real para o acordo é alterar a química interna, o que gera ansiedade e espera-se que cause pelo menos uma ligeira disfunção do sistema nervoso, o que a aumenta o potencial de conversão.Antes do encontro se completar, os acordos (ou compromissos) são normalmente usados para assegurar que os novos conversos saiam e encontrem novos participantes. São induzidos a concordar em fazer isso antes de sair. Uma vez que a importância de cumprir acordos é tão alta na sua lista de prioridades, os conversos vão sacudir os braços de qualquer um que eles conhelam, tentando convencê-los a assistir uma sessão introdutória gratuita, marcada para uma data futura pela organização. Os novos conversos são fanáticos. De fato, o termo usado internamente para vender o maior número de treinamentos de potencial é “vender por fanatismo”. (nota mental: rever a expressão sell by zealot)

No mínimo um milhão de pessoas são graduadas e uma boa parte delas foideixada com um botão de ativação mental que garante sua futura lealdade e assistência se a figura do guru ou a organização chamar. Pense nas potenciais implicações políticas de de centenas de milhares de fanáticos programados para fazer campanha pelo seu guru.

Fique atento com organizações deste tipo que oferecem sessões de continuação após o seminário. As sessões de continuação podem ser encontros semanais ou seminários de baixo custo oferecidos regularmente em que a organização vai tentar convencê-lo a ingressar — ou qualquer evento regularmente agendado usado para manter controle. Como os primeiros cristãos renascentistas descobriram, o controle a longo prazo depende de um bom sistema de continuidade.

Agora, vejamos a segunda informação que indica que táticas de conversão estão sendo usadas. Mantém-se uma agenda que causa fadiga física e mental. Isso é inicialmente cumprido por longas horas nas quais aos participantes não se dá nenhuma oportunidade de relaxamento ou reflexão.
Terceira informação: técnicas usadas para aumentar a tensão na sala ou ambiente.
Número quatro: incerteza. Daria para ficar horas relatando várias técnicas para aumentar a tensão e gerar incerteza. Basicamente, os participantes se preocupam quanto a serem postos “na cadeira quente” ou encontrados pelos treinadores, sentimentos de culpa são induzidos, os participantes são tentados a relatar verbalmente seus segredos mais íntimos aos outros participantes, ou forçados a tomar parte em atividades que enfatizam a remoção de suas máscaras. Um dos mais bem sucedidos seminários de potencial humano força os participantes a ficar de pé num palco em frente à audiência inteira enquanto são verbalmente atacados pelos treinadores. Uma enquete pública, conduzida há uns poucos anos, que a mais pavorosa situação que um indivíduo pode ter de enfrentar é falar em público. Esse medo veio antes até mesmo do que ter de lavar os vidros externos do 85º andar de um prédio de escritórios. Imagine, então, o medo e a tensão que tal situação gera nos participantes. Diversos desmaiam, mas muitos lidam com o estresse afastando-se mentalmente. Essas pessoas literalmente entram em um estado alfa, o que automaticamente os torna muitas vezes mais sugestionáveis do que normalmente seria. E mais uma volta da espiral rumo à conversão foi efetivamente efetuada.
A quinta pista que táticas de conversão estão sendo usadas é a introdução de jargão — novos termos que só fazem sentido para os “iniciados” que participam. Linguagem viciada é também usada com freqüência, a propósito, para causar desconforto nos participantes (eis a causa do gerundismo insuportável).

A dica final é que não há humor na comunicação… pelo menos até que os participantes se convertam. Nesse momento, humor e descontração são altamente desejáveis como símbolos da nova alegria que os participantes supostamente “encontraram”.

Sutphen enfatiza, contudo, que não está negando a possibilidade de benefício ao participar de tais encontros. Eles podem e fazem bem. Mas é importante que as pessoas saibam o que aconteceu e que estejam atentas que o envolvimento contínuo pode não ser do seu maior interesse.
Ele diz também que por muitos anos tem conduzido seminários para ensinar as pessoas a serem hipnotizadores, treinadores e conselheiros. Muitos dos que conduzem treinamentos e “rallies” vêm a ele e dizem “estou aqui porque sei que o que estou fazendo funciona, mas não sei por quê”. Após mostrar a eles como e por quê, muitos desistiram do negócio ou decidiram abordá-lo diferentemente ou de uma maneira muito mais amorosa e útil.

Encontros de cultu ou treinamentos de potencial humano são um ambiente ideal para observar em primeira mão o que é tecnicamente chamado de “Síndrome de Estocolmo”. É uma situação na qual aqueles que são induzidos, controlados, ou infligidos, começam a amar, admirar e mesmo em alguns casos desejar sexualmente seus controladores ou captores.

Mas deixe inserir uma palavra de alerta aqui: se você acha que pode freqüentar tais encontros e não ser afetado, você está provavelmente errado. Um exemplo perfeito é o caso de uma mulher que foi ao Haiti numa “Guggenheim Fellowship” para estudar o vodu haitiano. No seu relatório, ela citou como a música eventualmente induzia movimentos corporais incontroláveis e um estado alterado de consciência. Embora ela entendesse o processo e cresse estar ela própria acima dele, quando começou a sentir que ela própria se tornara vulnerável à música, tentou lutar e se desviou. Raiva ou resistência quasee sempre asseguram a conversão. Uns poucos instantes depois e ela estava possuída pela música e começou a dançar num transe ao redor da casa dos encontros de Vodu. Uma fase cerebral foi induzida pela música e excitação e ela então acordou se sentindo renascida. A única esperança de freqüentar tais encontros sem ser afetado é ser um Buda e não permitir o afloramento de nenhuma emoção negativa ou positiva. Poucas pessoas são capazes de tal desprendimento.

Antes de prosseguir, retornemos às seis dicas de conversão. Falemos sobre o Governo dos Estados Unidos e os acampamentos militares. A Marinha fala em “destruir” um homem antes de “reconstruí-los” como novos homens — como marinheiros! É exatamente isso que eles fazem, da mesma maneira que um culto faz com seu povo e os reconstrói como floristas felizes na esquina da sua rua. Cada uma das seis técnicas de conversão é usada no acampamento. Considerando as necessidades do exército, não se julga quanto a isso ser bom ou mau. É UM FATO que os homens efetivametne sofrem lavagem cerebral. Os que não querem se submeter são dispensados ou passam a maior parte do seu tempo no xadrez.

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